A Mulher Búfalo Branco (Ptecincala Ska Wakan)

Mulher Búfalo Branco Sioux xamanismo cachimbo

Publicado em 5 de março de 2019 por

A Mulher Búfalo Branco (Ptecincala Ska Wakan): o presente do Cachimbo Sagrado

Antes do aparecimento da Mulher Búfalo Branco, os índios honravam o Grande Espírito. Mas para os Sioux, a vinda da Mulher Bezerro de Búfalo trouxe um instrumento importantíssimo: o cachimbo, que agora é usado em todas as cerimônias.

O cachimbo sagrado surgiu há muitos anos. Dois homens da tribo Sioux estavam caçando e viram algo se aproximando à distância. Quando a figura se aproximou, eles viram uma donzela vestida de pele de gamo branco, carregando um pacote embrulhado em pele de búfalo.

Enquanto ela caminhava lentamente em direção a eles, cantou e repetiu:

“Observe-me. Pois eu estou andando de uma maneira sagrada”.

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Um dos homens tinha maus pensamentos sobre a donzela e se aproximou. O outro Sioux tentou detê-lo, mas ele o afastou. Uma nuvem desceu e envolveu o guerreiro mau, e quando se levantou, seu corpo era um esqueleto sendo devorado por vermes, simbolizando que aquele que vive na ignorância e tem maldade em seu coração será destruído por suas próprias ações.

O outro guerreiro se ajoelhou de medo, tremendo quando a donzela de pele de gamo se aproximou. Ela falou com ele, dizendo-lhe para não ter medo e voltar ao seu povo e prepará-los para a sua vinda. O guerreiro obedeceu.

Chegando à aldeia, a donzela estendeu o pacote e disse:

“Tem um cachimbo sagrado nele, que deve sempre ser tratado de uma maneira diferenciada. Nenhum homem ou mulher impuro deve vê-lo. Com este cachimbo sagrado, você enviará suas vozes para Wakan Tanka, o Grande Espírito, Criador de tudo, seu Pai e seu Avô. Com este cachimbo sagrado, você andará sobre a Terra, que é sua Avó e Mãe. Todos os seus passos serão sagrados.

O fornilho do cachimbo é de pedra vermelha, que representa a terra. Um bezerro de búfalo está esculpido na pedra, mirando o centro, e simboliza as criaturas de quatro patas que vivem como irmãos entre vocês. A haste é de madeira e representa todas as coisas que crescem. Doze penas pendem de onde a haste se encaixa no fornilho, da Águia Pintada – estes representam todos os irmãos com asas que vivem entre vocês.

Todas essas coisas se juntam a você, que vai fumar o cachimbo e mandar vozes para Wakan Tanka. Quando você usar esse cachimbo para orar, orará por e com tudo que existe no mundo. O cachimbo sagrado o liga a todos os seus parentes, seu avô e pai, sua avó e sua mãe.

A pedra vermelha representa a Mãe Terra na qual você viverá. A Terra é vermelha e os seres de duas pernas que vivem nela também são vermelhos. Wakan Tanka te deu uma estrada vermelha, uma estrada boa e reta para viajar. E você deve lembrar de que todas as pessoas que estão nesta terra são sagradas.

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A partir deste dia, o cachimbo sagrado permanecerá na terra vermelha e você enviará suas vozes para Wakan Tanka”.

Há sete círculos na pedra, que representam os sete ritos nos quais você usará o cachimbo”.

A Mulher Búfalo Branco então instruiu o povo a enviar mensageiros para as diferentes regiões da nação Sioux, para trazer os líderes, os curandeiros e os sacerdotes. Quando as pessoas se reuniram, ela as instruiu sobre como realizar cerimônias sagradas. Ela contou-lhes sobre o primeiro rito, a manutenção da alma, posteriormente dizendo a eles que os seis ritos restantes seriam revelados através de visões. Enquanto se preparava para ir embora, ela disse:

“Lembrem-se de quão sagrado é o cachimbo e tratem-no de maneira sagrada, pois ele estará sempre com você. Lembrem-se também de que há quatro eras em mim. Agora eu os deixarei, mas olharei por vocês em todas as épocas e retornarei no final”.

Os Sioux imploraram à mulher para que ficasse entre eles. Eles prometeram construir uma bela cabana e deixá-la escolher um guerreiro para protegê-la, mas ela recusou a oferta.

“Não, pois o Criador acima, o Grande Espírito, está feliz com vocês, seus netos. Vocês escutaram bem meus ensinamentos. Agora devo retornar ao mundo espiritual”.

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Ela circulou lentamente por entre as tendas caminhando em direção ao sol. As pessoas assistiam maravilhadas em um respeitoso silencio. Até mesmo as crianças famintas observavam,  com admiração. Então ela foi embora.

Ela caminhou por um curto espaço e olhou novamente para as pessoas que a observavam. Sentando-se na pradaria, sob os olhares atônitos de todos ali presentes ela transformou-se num jovem búfalo vermelho e marrom, depois rolou e virou um jovem búfalo amarelo para em seguida rolar novamente dando forma a um búfalo preto. Ela retomou sua caminhada pela pradaria para então deitar-se e rolar mais uma vez olhando para as pessoas que assistiam a tudo maravilhadas.

Já de pé ela transformou-se em um búfalo branco. Nessa forma ela andou até ficar visível apenas como uma partícula brilhante na pradaria distante. Seguindo seu caminho, parando para se curvar nas quatro direções da terra e finalmente desaparecer sobre a colina.

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Assim ela se foi, búfalos em grandes rebanhos apareceram depois q ela se foi, esses animais aceitaram ser sacrificados para alimentar todos ali presentes.

Seu pacote sagrado foi deixado com o povo. Até hoje, uma família Sioux denominada “Guardiã do Pacote Sagrado”, ainda guarda o pacote e seu conteúdo em uma das aldeias do povo Sioux.

Hoje, outras cerimônias suplantaram algumas das sete cerimônias originais ensinadas pela Mulher Búfalo Branco. As Dança do Sol, Cerimônia da Cabana de Suor e Vision Quest são as grandes cerimônias que ainda são amplamente praticadas. A própria Cerimônia do Cachimbo é agora usada para abrir reuniões e cabanas de suor, sendo usada também em cerimônias de nomeação, nas quais a pessoa adquire um nome da Terra ou um nome indígena. Além disso, é usada em cerimônias de casamento.

Em tempos de perseguição religiosa, as cerimônias tinham que ser feitas de modo escondido. Cabanas de suor, que eram comuns nos primeiros dias das reservas, começaram a desaparecer quando os missionários cristãos começaram a consolidar seu poder junto às autoridades governamentais. Já o cachimbo era muito mais fácil de esconder. A espiritualidade dos Sioux, portanto, veio a depender muito dessa sua expressão secreta do cachimbo. Agora que os povos indígenas da América do Norte reconquistaram sua liberdade religiosa, e a Cerimônia do Cachimbo continua sendo uma tradição muito forte.

A Mulher Bezerro de Búfalo disse aos Sioux onde eles podiam encontrar a pedra vermelha sagrada para fazer o cachimbo da paz. Nas pedreiras de poços no sudoeste de Minnesota, perto da cidade de Pipestone, os Sioux e todas as outras nações indígenas extrairiam suas pedras vermelhas em paz. Eles também poderiam entrar e sair livremente das pedreiras. Nenhuma guerra era permitida. Aqui, os conselhos de paz eram eventos regulares e bastante comuns.

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A Mãe Terra está agora em grande perigo. Por que não voltar a usar a cerimônia, pelo menos para ter a sensação, para receber a mensagem de que a Mãe Terra deve viver? Ela já está mandando sinais muito fortes para nós. Deixe que ela fale também na cerimônia. Podemos obter uma solução especial comunicando-nos como parte das cerimônias. Ao ouvir a natureza através de cerimônias baseadas na natureza, podemos ser como os Sioux. O desmatamento, a diminuição da camada de ozônio, o aquecimento global, a superpopulação e a poluição de nossas fontes, rios e oceanos representam grandes desafios. Mas nós podemos nos adaptar. Nós podemos viver e o nosso planeta pode sobreviver.

Os sete ritos sagrados:

Os sete rituais tradicionais que usam o cachimbo sagrado de acordo com os ensinamentos da Mulher Bezerro de Búfalo:

1. A manutenção da alma (The Keeping of the Soul)
2. Inipi: A cerimônia da cabana de suor ou rito de purificação
3. Hanblecheyapi: Vision Quest
4. Wiwanyag Wachipi: Cerimonia da dança do Sol
5. Hunkapi: Fazendo Parentes
6. Ishnata Awicalowan: Preparando uma menina para a feminilidade
7. Tapa Wanka Yap: Jogando a bola

Aviso: os ritos xamânicos Sioux devem ser presididos por pessoas falantes do idioma, preferivelmente pessoas que foram treinadas por integrantes dessa nação indígena.

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